Não sei nada de arte, muito menos da alma de artistas, quando o assunto é fotografia eu sou um zero a esquerda, comigo é só apertar o botão e pronto, click, acabou! Deveria sentir vergonha, afinal, sou um jornalista recém formado, tive aulas de Fotojornalismo, mas não adiantou quase nada, eu gosto mesmo é das fotos tiradas por outras pessoas, e o pior, não sei fotografar! Paciência!
Como nem tudo é perfeito, sei apreciar boas fotos. Gosto de Verger, Sebastião Salgado, Pedro Martinelli, Zélia Gattai (sim, ela era uma boa fotógrafa). Não sou assíduo freqüentador de exposições fotográficas e nem tenho saco para os que fazem questão de olhar as ditas fotos com cara de intelectual e um ar soberbo de “To entendendo tudo”... Abomino!
Porém, contrariando minha rotina e também minha pseudo – intelectualidade fui à exposição A gosto da Fotografia, que começou semana passada, na galeria do Acbeu, no Corredor da Vitória. Surpreendi-me com as cores, com as mensagens, com a beleza das fotos expostas, me surpreendi por ter entendido tanta coisa. Ora, entendi do meu jeito, da maneira que quis, e daí?
O que alguns intelectualóides de meia tigela precisam entender é que a arte é livre, e abre espaço para interpretações diversas. Não fiz cara de intelectual, muito menos de entendedor, fiz cara de quem tava entendendo, do meu jeito!
O carnaval calado de Pablo Di Giulio me encantou. As cores, os olhos fechados e as mãos espalmadas transportam para um universo particular, um contra senso, afinal carnaval é cor, imagem, alas, fantasias, música alta... Porém, Di Giulio faz sua própria festa com personagens escolhidos a dedo, com um silêncio que transporta para algum lugar que ainda não se sabe onde, e que também não precisa se saber. O verde e rosa da Estação Primeira de Mangueira em uma das fotos me deixou extasiado, o samba agradece!
Ou como mesmo disse Di Giulio, na matéria escrita pela indefectível Flavia Vasconcelos. "Se escondendo (de olhos fechados) elas se mostram", define o artista. Para o fotógrafo, os olhos fechados permitiram transportá-las para outro universo e se conectarem ao seu interior. As vivências e o futuro de cada uma, são revelados nas linhas das mãos abertas, uma marca individual. A identidade pessoal que tanto ele buscava registrar.
Di Giulio pode não saber, mas ele me fez voltar revigorado para casa, numa terça feira que tinha tudo para ser morna e rotineira. Ah, só me soa estranho a denominação curador da exposição, aos meus ouvidos parece tratar-se de curandeiro, esses homens que mexem com ervas para curar alguns males... Com toda certeza, maluquices de um leigo!