quinta-feira, 4 de setembro de 2008

por Matheus Morais


Cotidiano, indignação e muitas verdades.

Ando indignado com a rotina do Brasil. Não que a rotina macabra de mortes, assassinatos, seqüestros, suicídios e afins, seja novidade em nossas vidas, mas que cansa, cansa! E eu estou cansado...

A desgraça parece andar de mãos dadas com a vida dos cidadãos, que não se indignam, fazem meia dúzia de protestos chinfrins e pronto, acabou, ninguém se mobiliza de verdade, abaixamos a cabeça em nome do medo.

Não quero mais ligar a televisão e ver a cara de boneca da Fátima Bernardes dando notícias ruins, não quero ver o rosto sinistro de William Bonner noticiando mais uma chacina, e muito menos Carlos Nascimento, fazendo uma expressão indignada (que não convence nem minha avó), acerca de alguma morte. Cansei...

Por que não descobrem logo a cura da Aids, a solução para o câncer, ou um bem para o mal de Alzheimer? Por que não inventam notícias bacanas, lascam os jornais de ontem e fazem um novinho em folha (não a de São Paulo)? Queria mesmo ir embora para a Maracangalha de Caymmi, com Anália ou sem ela...

Lá eu poderia chorar em paz a morte do mestre, lá poderia sentir sua falta, de verdade! Parem e pensem, quantas perdas importantes sofremos esse ano? Vou refrescar a memória dos menos favorecidos: Dorival Caymmi, Zélia Gattai, Jamelão, Dercy Gonçalves... Chega, não dá mais...

E a Brasília de JK não existe mais, acabou, findou-se. A capital federal virou sinônimo de maracutaia, grampo, mensalão, mensalinho, CPI. Afinal, nossos honrados deputados, senadores, ministros e presidente, o que fazem por lá? Ah, também quero mamar nas tetas do governo, porque eles só roubam nosso dinheiro com impostos mambembes, com taxas descaradas e deslavadas.

Dêem-me um cargo no governo federal, lá só se trabalha um turno e se ganha bem pra caramba... Imploro, quero um cargo em Brasília, quero viajar de primeira classe, comer caviar, arrotar camarão, tomar champagne e uísque doze anos (ou bala doze, como falamos no baixo clero), quero charuto cubano e ler na primeira página que o gagá do João Durval completou seu mandato de senador da república com 100 por cento de ausência... Ah, quero ver o mar pegar fogo para comer peixe frito.

Não quero mais ligar a televisão e ver o choro incontido de Diego Hyppólito, tampouco ouvi-lo berrando que “não sou amarelão”. .Amarelões são os governantes hipócritas que não incentivam o esporte, a iniciativa privada que só apóia o Criança Esperança, e esquece dos atletas, é desses canalhas que estou de saco cheio.

De um idiota chamado Carlos Arthur Nuzmann (Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro), que teve a coragem de colocar a cara na televisão para informar que “O Brasil obteve seu melhor desempenho na Olimpíada de Pequim”. É desrespeito com o público, com a mídia e com os atletas, atestar uma mentira dessas...

Pobre de quem ficou até 4h da manhã para ver os mal fadados esportistas brasileiros atuando, em quase sua totalidade um show de horror, espetáculo de quinta, sem esquecer o pífio desempenho das meninas do basquete.

Mas aplaudam Mauren Maggi, César Ciello, Robert Scheidt , as meninas do vôlei feminino, do vôlei de praia, do judô... Aplaudam sim, esses merecem! Tirem o chapéu também para Londres 2012, e esqueçam, ESQUEÇAM 2016, principalmente se a olimpíada acontecer no Brasil.

E só por aqui colocam um cidadão que nunca foi técnico para treinar a Seleção Brasileira de Futebol. È, não poderia se esperar nada melhor em se tratando de Ricardo Teixeira, o genro preferido do papudo João Havelange.

Façam melhor, parem, parem o mundo que eu quero descer, ou então, me internem logo num hospício, a camisa de força me cairá bem!




ILUSTRAÇÃO: Cau Gomez