quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

por leandro estevam

De Segunda à Sexta

ou

Às Vezes a Fome Sacia Mais do que a Barriga Cheia


“Rotina é como ferrugem”

-- Gabriel Garcia Márquez, em Amor nos Tempos de Cólera



- Entre 9:30 e 10h – Acordar

- Café da manhã

- sentar e fazer algo desinteressante no computador

11h40 – me arrumar pra ir trabalhar

- almoço

- 12h25 -- caminhar até o ponto de ônibus

- 12h40 – pegar o ônibus de 12h40

- sentar do lado esquerdo (com vista para orla), ligar o MP3 e ouvir durante o trajeto

- 2h – chego ao destino, caminho até o trabalho

- 2h05 -- sentar na frente do computador e começar a trabalhar

- Entre 2h50 e 5hrs = 3 cafés, trabalho e conversa

- 6h – fim do dia de trabalho, hora de andar até o ponto e esperar o ônibus de 6h30 com meu irmão

- 6h30 às 8 – trajeto do ônibus (o MP3 é novamente ligado)

- 8h10 – chego em casa e sou recepcionado por Frida, minha cadela

- tomo banho, janto, assisto algo na TV, ligo pra Manu (ou ela me liga) fotografo ou vejo um filme

- a partir de 12h30 – sono profundo

Rotina. Conhece? Bom ou mau? Inferno ou céu? Escolho o meio, nem um nem outro. Nessa relação de amor e ódio com a repetição forçada se aprende muito. Descobri em mim bons e maus hábitos, coisas que me irritam, me alegram, etc, ou seja:

ROTINA = AUTO - CONHECIMENTO

Talvez devesse ser receitado como um método de terapia observem a que constatações cheguei:

1° CONSTATAÇÃO______ Me descobri um metódico de carteirinha. Algo que um teste psicológico já havia constatado e eu teimava em não aceitar. È fato! Sou sim, crio métodos pras coisas mais simples como, por exemplo, colocar o jogo americano na mesa, depois o prato, ligar a televisão e ajeitar a cadeira no mesmo e exato ponto onde consigo avistar a televisão.

2° CONSTATAÇÃO _______ Amo ouvir música e olhar o mar ao mesmo tempo. Eu MP3, o mar e ônibus em movimento, temos nos tornado grandes amigos. Entro em transe, saio de mim, percorro o universo do autor da melodia, tenho idéias, cantarolo, analiso o vendedor ambulante que sobe vendendo os “deliciosos amendoins Mendorato Santa Helena” ou o “chiclete Happy Dent, único com certificado do conselho Nacional de Odontologia” ou coisa parecida, quase entendo o que turistas alemães estão conversando e por ai vai....

3° CONSTATAÇÃO _______ Posso me acostumar, e viver muito bem com a rotina. Nada melhor do que a segurança, nada como trabalhar de segunda à sexta e no final do mês receber o salário. Afinal quem não gosta de segurança? Estou com planos sérios de abandonar essa vida incerta de artista. Quero criar uma família, um bigode e assumir o funcionalismo público de vez, com direito a Festa de Final de Ano da empresa, INSS e Plano de Previdência Privada.

4° CONTATAÇÃO _______ Estou aprendendo a não me prender a rotina. Viver a rotina, constatar a sua presença e fugir dela de vez em quando ainda é o melhor remédio. Sair mais cedo do trabalho ou até mesmo não ir a ele, assistir um bom filme no final de um dia de trabalho na companhia de bons amigos. Procurar beleza no ‘simpático’, confundir o explicado, acelerar o lento, dançar sem música, rir de velhas piadas, comer a mesma comida com outro tempero, escrever um texto pro blog novo, beijar a mesma boca e, ainda assim nova boca.

5° CONSTATAÇÃO _______ Nada melhor do que o fim-de-semana pra nos salvar da inércia da rotina.

6° CONSTATAÇÃO _______ Se não houvesse rotina provavelmente eu também estaria inconformado. Às vezes a fome sacia mais do que a barriga cheia. E vice-versa.

Como dizia Tom Zé, “Na vida quem perde o telhado ganha em troca as estrelas”



Ahhhhh...Já ia me esquecendo da 7° CONSTATAÇÃO _______ Pra que raios eu descrevi minha rotina e ainda escrevi um texto sobre isso, se numa hora dessas está todo mundo assistindo ao dia-a-dia dos moradores da casa do Big Brother 8( que creio eu deve ter algo de mais interessante do que a minha e a sua vida pra ser televisionada e as nossas não)?



Para ser lido ao som de “Ouro de Tolo” de Raul Seixas ou “Janela” de O Círculo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

por matheus morais

A dor de uma perda









Não gostaria de começar escrevendo um texto triste para nosso novo blog, mas a circunstancias me obrigam, os sentimentos também. Foi com lágrimas nos olhos que ouvi a notícia da morte da esposa, filha e genro do ícone do samba baiano, Riachão, em um acidente automobilístico, no Rio de Janeiro.

Engraçado, dia desses estava voltando para casa e encontrei com o “baixinho”, daquele mesmo jeito, no ponto de ônibus, certamente esperando a condução para o Garcia. Uma toalhinha pendurada no pescoço, mochila nas costas e o velho sorriso no rosto, marcado pelo tempo. Aquele homem me pareceu tão feliz, em paz consigo e com as coisas da vida, assim como eu, estava voltando para casa. Entre um aceno e outro, a noite protegia o “negro gato”.
Certamente uma casa cheia, humilde, mas lotada de carinho, amor e inspiração. Como imaginar um homem de 86 anos, forte, lúcido e consciente, porém sem uma parte de si, sem uma parte de sua família? “Eles se foram, mas eu estou bem, estou com Deus”, disse o mestre, segurando a alça do caixão da esposa.

Dalvinha (apelido carinhoso dado por ele), sempre foi uma inspiração e presença constante nos sambas do mestre. Um dia distante da amada já era o suficiente para entristecer Titino (apelido carinhoso dado por ela), e assim se passaram 40 anos de convivência, entre as plantas no fundo da casa, os sambas cantarolados nos finais de tarde ou nos papos na frente de casa. E agora, como fica Riachão sem sua Dalvinha?

Não, não tenho nenhum tipo de contato com Riachão, não o conheço pessoalmente, muito menos conhecia sua esposa ou sua filha. Conheço sim a obra, os sambas e um pouco da história de Clementino Rodrigues, nome de batismo do sambista. E o que importa se o conheço ou não? Acho mesmo é que está faltando um pouco de solidariedade nas pessoas, escrevo essas linhas para ser solidário, leiam ou não.

Assim como o cigarro ou a bebida, as pessoas também viciam, causam dependência... Calculem a perda de uma mulher, filha e genro, calculem perder boa parte de sua família de uma só vez, calculem um “baque” desses num homem octogenário.
Agora Riachão voltará para casa, uma casa mais vazia, com ecos de saudade, com a mesma saudade encalacrada no peito, pronta para ser descrita num samba. Triste para quem se foi e para quem ficou, a vida continua aprontando das suas...

Cantou na hora do último adeus, um choro incontrolável, carregado de soluços não combinaria com alguém tão elegante, ele não chorou. Despediu-se cantando e ainda conseguiu agradecer aos presentes... Admirável Riachão, mereceu aplausos até num momento triste!

É, o certo é que Seu Clementino nunca mais cantará aquele samba da mesma maneira: “Ela quer me ver bem mal, vá morar com o diabo que é imortal”. A Bahia ficou mais triste por Riachão! “Lembro de minha Dalvinha, a gente vivia a cantar”, lamentou. Lamentamos!
O “negro gato” continuará, entre um telhado e outro, miando, cantando. Afinal, gato tem sete vidas, a partir de agora, vidas mais tristes, é bem verdade, mas sete vidas!



Discografia

Samba da Bahia (Phillips-1973) com Batatinha e Panela

Sonho de Malandro (Tapecar-1981)

Riachão (Caravelas-2001)

Saiba mais sobre Riachão em: www.samba-choro.com.br/artistas/riachao

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008



Tudo na vida acaba; casamento, sociedade, salário, paciência... A exemplificação é só para dizer de forma simples e direta que o AO CUBO está chegando ao fim... Novas idéias surgem, projetos, expectativas...

Assim surge o DUPLA de 2, nosso mais novo blog, com coisas e devaneios novos, idéias antigas também, afinal, continuamos juntos, senão ao vivo, na origem, na essência. Hoje somos dois, mesmo porque: duas cabeças pensam melhor do que uma e as duplas sempre funcionaram na história da humanidade. Quer exemplos? O Gordo e o Magro da TV, a dupla Preto e Branco básicos na hora de vestir, a preferência nacional Arroz com Feijão, o Batman e o Robin, Sartre e Simone de Beauvoir. Enfim, com ou sem os clichês ou genialidade dos citados anteriormente, mas na verdade sem grandes pretensões, queremos mesmo é nos comunicar com o mundo, com o hoje, com você aí do outro lado da tela... Aqui a regra é não ter regras... As portas estão abertas, os domínios e os sentimentos também!

Ah, entre, fique a vontade e não repare a bagunça.

(adoramos esse slogan... Hahahahahhahaha!)

Volte sempre, pra que assim formemos trios, quartetos, quintetos....